Caro leitor, inicialmente farei uma breve exposição sobre o parque e suas particularidades. Essas colocações são importantes pois existem poucas informações acessíveis, e para facilitar os vários nuances  necessários para fazer uma caminhada tranquila, aproveitando e curtindo o que a natureza do ambiente pode oferecer. 

Após essa introdução, falarei sobre a experiência que tivemos e expectativas de retorno. 

 

Sobre o parque 

O Parque Estadual do Rio Guarani (PERG) está localizado no sudeste do Paraná, no município de Três Barras do Paraná. Possui grande extensão de florestas, com bonitos rios e vegetação bem preservada, porém devastada pela derrubada da madeira de corte que ocorrera décadas atrás. Abriga inúmeras espécies de animais, tais como porcos do mato, catetos, onças, antas, quatis, macacos, tatus, porcos espinhos, cutias, gatos do mato, jaguatiricas, pacas, capivaras, etc., além de enorme quantidade de aves, insetos, répteis e jacaré-de-papo-amarelo.

Nas conversas que tivemos com o pessoal do parque, obtivemos informações interessantes, lendas, histórias de bichos comendo gente, etc, etc. O parque em si, foi criado por em julho de 2000 pelo Governo do Paraná, com área de 2 235,00 (ha) como forma de compensação pela construção da Usina Hidrelétrica Governador José Richa. A unidade faz parte do corredor ecológico do Iguaçu e protege remanescentes da floresta estacional semidecidual do interior do Paraná. Até agora, identificaram na área mais de 40 espécies de árvores e 300 de vertebrados terrestres. Hoje, pequenas construções estão sendo realizadas para abrigar funcionários e pesquisadores, porém em decorrência da pequena verba destinada, certamente não poderá ser implantado um centro de atendimento, inibindo os visitantes, uma vez que não possui estrutura para pernoites. Vale lembrar que a área é de preservação, selvagem, onde o visitante deve-se preparar para isso. 

Nós fomos três vezes. Na primeira vez quase pisamos em um cobra coral verdadeira, cerca de 20 metros adiante, outra cobra coral na estrada. Na segunda vez, dormia tranquilamente no caminho onde passávamos uma jararaca após fazer sua refeição. E na terceira vez, uma cascavel filhote estava tirando uma soneca parada no caminho. Todo cuidado ainda é pouco, nós somos os intrusos. 

Mas voltando a falar do parque, originalmente, a área era de propriedade da empresa Giacomet Marodin S. A., atual ARAUPEL S. A. - antiga Fazenda Guarani - cujas atividades básicas estavam voltadas à exploração da silvicultura e beneficiamento de madeira. Em face da necessidade de atividades voltadas ao manejo florestal, com estoques regulares de madeira, a área manteve-se bem conservada para o padrão da região. Apresentando formações arbóreas (matas) que sofreram poucas intervenções, notadamente na retirada seletiva de espécies comerciais específicas, bem como em pequenas extensões com desmatamentos mais acentuados. 

Na prática, o que tudo isso quer dizer, é que tem árvores altas e espalhadas. Entre elas, cresceu uma vegetação mais rasteira e fechada (capoeira). Por onde andamos, praticamente é impossível adentrar pelas entranhas do parque fora das trilhas e carreiros. Taquaruçus e outras plantas espinhosas imperam, tecendo muralhas intransponíveis sem facão e foice. Literalmente uma muralha verde, dificultando a visualização de animais e facilitando o ataque de outros (cobras - que por sinal tem muitas). 

 

A origem do nome

Segundo nossas pesquisas em arquivos oficiais, o nome deriva do Rio Guarani, que é o limite leste do Parque Estadual do Rio Guarani, em Três Barras do Paraná. O Rio Guarani é o divisor dos municípios de Três Barras do Paraná e Quedas do Iguaçu, e desemboca no reservatório de Salto Caxias, no Rio Iguaçu, próximo à usina de Salto Osório.

Guarani é a língua dos grupos indígenas da família Tupi-Guarani. Na época da chegada dos europeus, viviam na região entre os rios Uruguai, Iguaçu e Paraná a leste do Rio Paraná. Nos séculos XVII e XVIII, grande parte desses territórios era de domínio espanhol e neles foram instaladas as missões (ou reduções) de jesuítas ligadas à província Espanhola da Companhia de Jesus. Os Jesuítas estudaram e documentaram fartamente a língua Guarani (ou Guarani antigo) desde 1625. Nestas missões de economia marcadamente coletivista, os Guaranis atingiram alto grau de desenvolvimento e domínio de técnicas européias, e tornaram-se presas fáceis para os bandeirantes paulistas e para os fazendeiros paraguaios.  

 

O ambiente

Essa sempre é uma questão relevante quando se pratica atividades ao ar livre. Falando sobre as chuvas, em geral a região do PERG apresenta muitas variações mensais de precipitação no mesmo mês, não havendo um período distinto de precipitação ao longo do ano, não havendo também uma estação seca definida. Falando de grosso modo, os meses de maior temperatura apresentam maior pluviosidade e os meses de menor temperatura apresentam menor pluviosidade. A umidade relativa do ar na região do PERG é em torno de 75%, não havendo uma variação mensal significativa. 

Os ventos são predominantemente de direção E (leste), com valores médios de 2,3 m/s.Na região abrangida pela Estação de Quedas do Iguaçu, os maiores valores médios encontrados são de 218,6, 229,4 e 221,6 horas/mês observados nos meses de novembro, dezembro e janeiro, na transição da primavera para o verão, período este em que são registradas as maiores temperaturas na região. Mas honestamente essa informação não serve para nada. As árvores são altas e o vento passa acima delas, não refrescando em nada quem caminha por lá.

Falando em calor, segundo informações do PERG, existe grande flutuação térmica anual. Os meses mais quentes observados são dezembro, janeiro e fevereiro com temperatura média de 30 ºC e os meses mais frios são junho e julho com temperatura média de 11 ºC.